Duas opções para investir em Bitcoin pelo mercado tradicional — HASH11 e IBIT39

Pedro Augusto
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Em 2024, o Bitcoin voltou a ser comentado no mercado financeiro após a autorização dos ETFs spot nos Estados Unidos em janeiro.

Essa inovação permitiu que os investidores negociassem Bitcoin em um ambiente regulado, atraindo mais de US$ 10 bilhões em investimentos distribuídos por aproximadamente dez fundos. Dentre esses, o iShares Bitcoin Trust (IBIT) da BlackRock se destacou, introduzindo no Brasil o BDR com o ticker IBIT39.

Nos EUA, desde seu lançamento em 12 de janeiro de 2024, o IBIT obteve um impressionante ganho de 44%. No Brasil, o IBIT39, lançado em 4 de março, enfrentou um início desafiador, registrando uma desvalorização de 16% nos primeiros dias de negociação.

No entanto, o ETF de maior popularidade no Brasil continua sendo o Hashdex Nasdaq Crypto Index (HASH11), que estreou em abril de 2021. Em 2024, esse fundo teve uma valorização de 53%, se tornando o segundo maior ETF da Bolsa em termos de número de cotistas.

Principais diferenças entre HASH11 e IBIT39


O HASH11 é um portfólio diversificado de criptomoedas, liderado pelo Bitcoin, que representa 70% do investimento do fundo. Além disso, ele inclui outras moedas digitais relevantes no mercado, como Ethereum (ETH), Chainlink (LINK), Arbitrum (ARB) e Litecoin (LTC). Lançado em 2021, o ETF já se destaca como o segundo com maior número de cotistas no mercado, ficando atrás apenas do IVVB11.

Por outro lado, o IBIT39 se caracteriza por ser um BDR (Brazilian Depositary Receipts), que espelha o desempenho do IBIT, um ETF negociado nos Estados Unidos focado exclusivamente em Bitcoin. Até o momento, não existem ETFs no mercado americano que ampliem o escopo de investimento para outras criptomoedas além do BTC.

Exposição cambial

Virgílio Lage, especialista em criptomoedas da Valor Investimentos, destacou uma diferença crucial entre os fundos que os investidores devem levar em consideração: o lastro da moeda.

Enquanto o HASH11, um ETF brasileiro, é negociado e lastreado em reais na B3, o IBIT39 se configura como um BDR. Ou seja, um recibo de ativo baseado no exterior, especificamente nos Estados Unidos, negociado em reais, mas com lastro em dólar. Isso implica que as cotações de referência dos ativos podem sofrer variações.

Apesar disso, Lage explica que os investidores de BDRs de ETFs não enfrentam exposição cambial direta. As transações de compra e venda, além da apuração de impostos, são realizadas em reais, seguindo procedimentos similares aos de um ETF comum. No entanto, é importante ressaltar que o dólar ainda exerce influência sobre o preço e a volatilidade dos ativos.hash11

Tributação

No mercado financeiro brasileiro, negociam-se os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de ETFs (Exchange Traded Funds) em reais. Portanto, estão sujeitos às mesmas regras de tributação aplicáveis a ambos os produtos financeiros. Isso implica uma alíquota de 15% sobre os lucros obtidos em um determinado mês.

Adicionalmente, há a flexibilidade para os investidores compensarem eventuais prejuízos registrados no mesmo mês ou em meses subsequentes, uma prática já conhecida pelos investidores de ações no Brasil.

Potencial de valorização do HASH11 e do IBIT39

O Bitcoin desempenha um papel essencial na determinação dos preços das cotas dos dois fundos em questão. No entanto, a inclusão de criptomoedas menores e mais voláteis na carteira faz com que o HASH11 apresente maior flutuação.

Atualmente, em um período de valorização do mercado de criptomoedas, o ETF da Hashdex tem mostrado um potencial de apreciação superior em relação ao valor de suas cotas.

Riscos

Raquel Vieira, especialista da WeTrade, analisa os riscos associados ao investimento em criptomoedas. Ela destaca que, embora o fundo IBIT39 não ofereça diversificação por se concentrar exclusivamente em Bitcoin, essa característica pode, paradoxalmente, diminuir o risco do investimento.

Isso ocorre porque o Bitcoin, sendo a criptomoeda mais estabelecida do mercado, tende a apresentar menor volatilidade em comparação às criptomoedas menores, que podem aumentar a incerteza do investimento.

No que diz respeito ao fundo HASH11, Vieira ressalta a importância de os investidores se informarem e compreenderem as diversas criptomoedas incluídas na carteira, avaliando se elas estão alinhadas ao seu perfil de investidor.

Segundo Vieira, fazer uma escolha informada sobre onde investir exige entender claramente os motivos por trás dessa decisão, enfatizando a necessidade de uma análise criteriosa antes de se comprometer com um ativo específico.

HASH11 ou IBIT39, qual dos dois é a melhor opção?


Analistas apontam que tanto o HASH11 quanto o IBIT39 possuem atributos valiosos e podem ser usados de forma complementar em estratégias voltadas para o mercado de criptomoedas. Raquel Vieira, sócia fundadora da WeTrade, descarta a ideia de competição entre os produtos, enfatizando que eles podem se complementar harmoniosamente.

Raquel explica que não há impedimentos para investidores que possuem HASH11 em suas carteiras optarem por ampliar sua posição em Bitcoin através do IBIT39, ou vice-versa. Investidores focados exclusivamente em Bitcoin também podem querer diversificar suas exposições ao universo das criptomoedas por meio do HASH11, destaca Vieira.

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