Emissora do USDC firma acordo com instituição financeira do Japão para impulsionar o uso de stablecoins no país

Pedro Augusto
| 6 min read

A Circle Internet Financial, importante emissora de stablecoins, estabeleceu uma parceria com a SBI Holdings, um grupo japonês de venture capital e provedor de serviços financeiros.

A parceria visa promover a circulação do token USDC no Japão. O USDC é uma criptomoeda atrelada ao dólar americano, e essa colaboração visa impulsionar a ambição do Japão de se tornar um centro de ativos digitais.

Dessa forma, ele competiria com outros centros financeiros asiáticos como Singapura e Hong Kong. O acordo visa introduzir o token USDC no mercado japonês e estabelecer uma relação bancária para apoiar essa iniciativa.

Além disso, a SBI Holdings colaborará na promoção dos serviços Web3 da Circle no Japão. Este será um conceito focado na integração da tecnologia cripto e blockchain na infraestrutura da internet.

Jeremy Allaire, cofundador da Circle, ressaltou a importância deste memorando de entendimento com a SBI Holdings. Ele o marcou como um passo crucial na expansão da Circle no Japão e na região da Ásia-Pacífico.

Mercado de stablecoins movimenta cerca de US$ 129 bilhões globalmente


Yoshitaka Kitao, CEO da SBI Holdings, baseada em Tóquio, destacou o progresso consistente do Japão na preparação para a adoção generalizada de stablecoins.

Essas moedas digitais, geralmente atreladas na proporção 1:1 a moedas importantes e lastreadas por reservas, desempenham um papel vital no mercado de criptomoedas.

Elas são usadas para estacionar fundos entre operações e gerar juros. Surpreendentemente, no momento, possuem uma circulação total de cerca de US$ 129 bilhões globalmente, segundo dados da CoinGecko.

O mercado de stablecoins, que está vendo uma crescente competição na Ásia, está passando por uma vistoria regulatória significativa. Isto se deve à variação de algumas stablecoins em relação às suas paridades.

Singapura e Hong Kong também entra na dança

O Japão está liderando esse mercado, tendo implementado uma das primeiras leis de stablecoins entre as grandes economias em junho.

Da mesma forma, Singapura começou a emitir aprovações de licença para emissores de stablecoins. Já Hong Kong espera introduzir um livro de regras dedicado até o próximo ano.

Atualmente, o mercado de stablecoins é liderado pela Tether Holdings, com US$ 89 bilhões de tokens em circulação. Em seguida, vem a USDC da Circle, com US$ 25 bilhões em circulação.

Como parte do acordo, o SBI Shinsei Bank fornecerá serviços bancários à Circle, facilitando o acesso ao USDC. Além disso, e garantindo liquidez para os usuários no Japão, conforme declarado no anúncio feito na segunda-feira (27/11).

Apesar de parceria promissora, emissora da stablecoin USDC sofre falsas alegações de financiamento ao terrorismo


Dante Disparte, Diretor de Estratégia e Chefe de Política Global da Circle, adotou uma postura firme em uma carta formal aos senadores Sherrod Brown e Elizabeth Warren.

Na carta, ela refuta veementemente as alegações de que a stablecoin USDC da Circle foi usada para financiar o grupo terrorista Hamas.

Essa resposta veio em meio a um aumento da fiscalização na indústria de criptomoedas, seguindo o histórico acordo do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos com a Binance Holdings Ltd. e seu ex-CEO, Changpen Zhao.

A Binance enfrentou acusações de auxílio ao terrorismo global e facilitação de lavagem de dinheiro.

O foco no papel das criptomoedas no financiamento ao terrorismo, especialmente após o governo israelense identificar as criptos como uma fonte fundamental de financiamento para o Hamas na Palestina, levou à expectativa de mais ações regulatórias, visando especialmente projetos web3 e o setor de stablecoins.

Circle enfatiza sua conformidade com as regulações

A disputa envolvendo a Circle surgiu quando a Campaign for Accountability (CfA) enviou uma carta aos mesmos senadores, acusando a Circle Internet Financial, LLC de facilitar indiretamente massacres através do financiamento de organizações terroristas do Hamas.

Em sua resposta, Dante Disparte negou categoricamente essas alegações, afirmando: “A Circle não facilita, direta ou indiretamente, nem financia o Hamas (ou qualquer outro ator ilícito). E a Circle não tem relação bancária com Justin Sun.”

Disparte enfatizou a conformidade da Circle com vários regimes regulatórios, destacando suas licenças de transmissão de dinheiro em mais de 45 estados e territórios dos EUA, incluindo uma do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York.

Ele também mencionou a adesão da Circle às leis monetárias do FinCEN para atender aos requisitos de sanções.

Além disso, ressaltou que os funcionários da Circle têm vasta experiência em contra-terrorismo em vários departamentos governamentais, incluindo o Tesouro, CIA, Casa Branca, Segurança Interna, CFTC e FDIC.

Circle decide encerrar todas as contas associadas a Justin Son

Abordando as preocupações sobre o financiamento ao terrorismo, Disparte referiu-se a um relatório do National Bureau for Counter Terror Financing de Israel, que identificou cerca de US$ 93 milhões em ativos digitais controlados pela Jihad Islâmica Palestina (PIJ).

No entanto, ele esclareceu que apenas US$ 160 foram transferidos para USDC, e nenhum deles veio diretamente da Circle.

Além disso, a Circle informou aos reguladores sobre sua decisão de encerrar todas as contas associadas ao veterano de criptomoedas Justin Sun da rede Tron (TRX).

E quanto ao Brasil, como anda o mercado de stablecoins por aqui?


No primeiro trimestre de 2023, as stablecoins dominaram o mercado de criptomoedas no Brasil.

Segundo dados da Receita Federal, elas representaram 83,5% do volume total de R$ 47,1 bilhões transacionados em cripto no país, equivalendo a R$ 39,3 bilhões.

Dentro deste contexto, o Bitcoin ficou com uma parcela de 9,2% das operações no mesmo período.

Dentre as stablecoins, a USDT, emitida pela Tether, se destacou, sendo responsável por 96% do total desses ativos negociados no Brasil em março.

Esse número representa um leve aumento em relação a fevereiro e janeiro, quando a USDT compunha 93,4% e 93,6% do mercado, respectivamente. No mercado brasileiro, além da USDT e da USDC, destaca-se o BTGDol, recentemente introduzido pelo banco BTG Pactual.

Apenas 15% dos brasileiros que pertencem ao nicho cripto conhecem as stablecoins

Uma pesquisa recente da Coinbase, corretora de criptomoedas, revela dados intrigantes sobre o conhecimento dos brasileiros e norte-americanos em relação às stablecoins.

O estudo, que entrevistou 600 brasileiros e 600 norte-americanos, constatou que somente 15% dos brasileiros interessados em adquirir criptoativos nos próximos 12 meses têm algum conhecimento sobre as stablecoins.

Nos Estados Unidos, a situação se assemelha, com apenas 14% dos entrevistados possuindo conhecimento sobre stablecoins.

Além disso, a pesquisa apontou que 52% dos brasileiros e 50% dos norte-americanos não possuem nenhuma noção sobre o assunto.

Brasileiros usam stablecoins para se proteger da inflação

Interessantemente, entre os brasileiros que demonstraram interesse nas stablecoins, especialmente na USDC, ligada à Coinbase, 61% veem a possibilidade de poupar e guardar dinheiro como o uso mais atraente.

Além disso, 40% citaram a diversificação de portfólio e 36% mencionaram a proteção do patrimônio contra inflação e desvalorização do real como razões para o interesse.

A pesquisa também destacou que 24% dos brasileiros consideram a proteção contra a inflação, a rapidez nas transações e a privacidade como os benefícios mais significativos das stablecoins, focando especificamente na USDC, que atualmente é a segunda maior stablecoin do mercado.

Leia mais: