Como a tecnologia blockchain pode beneficiar pequenos e médios empresários?

Pedro Augusto
| 4 min read
Como a tecnologia blockchain pode beneficiar pequenos e médios empresários
Imagem: @_notWillyWonka

Desde sua inauguração paralelamente ao surgimento do Bitcoin, a tecnologia blockchain teve uma grande expansão. E vem conquistando cada vez mais espaço, sobretudo no âmbito das empresas privadas. Há avanços significativos em áreas como finanças, imóveis, saúde e educação.

Embora seja frequentemente associada ao universo das criptomoedas, a aplicação da tecnologia blockchain se estende para além desse mercado. Trata-se de um recurso valioso também para as pequenas e médias empresas (PMEs). “Onde existir negócios que tratem de transações, contratos ou um acesso seguro a alguma informação ou dispositivo, estes podem se beneficiar”, diz o especialista em blockchain Marcio Rosa.

A blockchain promete infinitas vantagens, entre as quais se destacam a melhoria na segurança, a redução de custos operacionais e a promoção da inovação. Isso se dá por meio da automatização de contratos, proteção de propriedade intelectual e acesso facilitado a mercados internacionais. Fatores que, juntos, potencializam a competitividade dessas empresas no cenário global.

Como a tecnologia blockchain pode atuar nas PMEs?


A tecnologia blockchain, conhecida por sua transparência e imutabilidade, está revolucionando a maneira como as partes envolvidas em negócios interagem, promovendo uma atmosfera de confiança. Isso é possível porque se registram todas as transações realizadas na plataforma publicamente e de maneira permanente. Como resultado, isto eleva a confiança entre clientes e parceiros comerciais.

Tecnologia blockchain no financiamento de projetos

Pequenas e médias empresas encontram uma ferramenta valiosa na blockchain para acessar financiamento de forma inovadora. Por meio da criação de contratos inteligentes e Ofertas Iniciais de Moedas (ICOs), essas companhias podem captar recursos diretamente de investidores, dispensando intermediários financeiros.

Além disso, a tokenização de ações e o recurso ao crowdfunding em diversas plataformas surgem como atraentes alternativas.

Atuação na cadeia de suprimentos e na exportação

No cenário de exportação, a blockchain oferece a promessa de simplificar e agilizar transações comerciais. A tecnologia elimina a necessidade de etapas e instituições financeiras intermediárias. Além disso, facilita a execução de acordos por meio de contratos inteligentes e a realização de pagamentos em criptomoedas.

Não existe uma lista pública detalhada de empresas que adotam a blockchain, devido a questões de confidencialidade e à natureza privada dos negócios. Apesas disso, é nítido que muitas PMEs em toda a América Latina estão começando a implementar essa tecnologia. As aplicações vão desde a cadeia de suprimentos e fintech até a certificação de produtos e gestão de identidade.

A integração da blockchain com tecnologias como inteligência artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) abre caminho para soluções mais avançadas e eficientes. Isso porque atende a uma gama diversificada de mercados.

Em resumo, a adoção da blockchain pode transformar profundamente a forma como os empreendedores gerenciam seus negócios, trazendo mais segurança, eficiência e transparência. Ademais, oferece novas oportunidades para inovação e crescimento, ao ajudar as PMEs a se manterem competitivas no cenário global digitalizado.

Entrevista com Marcio Rosa, especialista em tecnologia blockchain


Marcio Rosa, fundador da M&C Blockchain Ventures. Imagem – Divulgação

Marcio Rosa é especialista em blockchain e fundador da M&C Blockchain Ventures, uma venture builder especializada na aceleração de startups que utilizam essa tecnologia para inovação.

O especialista dedicou uma parte do seu tempo para fornecer insights e comentários para Cryptonews Brasil em uma breve entrevista. A seguir, na íntegra, a ideias de Marcio sobre a tecnologia blockchain e sua aplicação nas PMEs e startups.

Cryptonews Brasil – A tecnologia blockchain é utilizada em sua máxima capacidade por empresas brasileiras?

Marcio Rosa – Muito se fala em tecnologia blockchain, “a tecnologia que resolve todos problemas”, mais ninguém sabe exatamente quais. Isso porque blockchain é um novo paradigma que garante confiança em um mundo cada vez mais conectado. Isso muda muito a forma como tratamos nossos dados e mudar isso leva tempo.

Que exemplos de negócios e setores podem se beneficiar da blockchain?

Onde existir negócios que tratem de transações, contratos ou um acesso seguro a alguma informação ou dispositivo, estes podem se beneficiar, fortalecendo sua arquitetura de dados com mais confiança e segurança a suas operações.

Na prática, funciona assim: imagine que seu saldo está em alguma base de dados de um banco tradicional, se esse valor pudesse ser alterado, seu saldo mudaria instantaneamente. Na arquitetura blockchain, isso não acontece, já que seu saldo é uma soma de transações imutáveis registradas em diversos computadores da rede blockchain, gerando um resultado final que é seu saldo. Isso jamais poderia ser alterado.

É caro desenvolver um projeto que envolva a utilização dessa tecnologia?

Se compararmos com as tecnologias tradicionais, o custo pode ser elevado, porém, se analisarmos, por exemplo, pela ótica do ganho em performance e segurança, o investimento é muito baixo.

Por exemplo: de acordo com o relatório “Card Fraud Losses Worldwide”, da Nilson Report, publicação comercial que cobre a indústria global de cartões de pagamento, em todo o mundo, as cifras de perdas causadas por fraudes em cartões de crédito atingirão a marca de US$ 49 bilhões até 2030.

Quais os entraves que startups de blockchain enfrentam no Brasil?

Quando falamos de startups, já imaginamos empresas em processo de transformação, o que é exatamente o oposto do que uma infraestrutura blockchain precisa. Ou seja, quanto maior sua estrutura de infra e tecnologia, mais confiança existe em seu processo. Na prática, startups com foco em blockchain dificilmente passam pela fase “early stage” dos fundos, o que a torna muito difícil de ser investida.

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