China aumenta restrições à atividade de mineração de criptomoedas

Killian A.
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China aumenta restrições sobre mineração de criptomoedas
Imagem: @_notWillyWonka

A China está redobrando seus esforços para combater a mineração de criptomoedas, sinalizando um movimento renovado para erradicar essa atividade no território.

Houve uma iniciativa coordenada que envolveu a Comissão Municipal de Desenvolvimento e Reforma de Pequim e outros 11 órgãos. Nela, um plano revisado foi anunciado, focando na “conservação de energia” e um “nível e qualidade superiores”.

Este movimento faz parte de uma estratégia mais abrangente do governo chinês contra a mineração de criptomoedas. Em setembro de 2021, a China já havia adotado uma postura rígida contra essa prática, declarando ilegais todas as transações financeiras que envolvessem criptomoedas. Como resultado, o país marcou a mineração desses ativos digitais como uma atividade proibida.

Mineração de criptomoedas é um empecilho para a neutralidade do carbono


Esta ação vem em um momento crítico para a economia chinesa, marcado pelo teste do banco central da sua própria moeda digital, o yuan digital, e por uma crise de energia sem precedentes.

A capital chinesa destacou a importância de corrigir e fiscalizar com rigor as atividades de mineração de criptomoedas. Ela possui o intuito de garantir a eficiência energética e alinhar essas práticas com suas metas climáticas.

O governo da China tem o objetivo ambicioso de alcançar a neutralidade de carbono até 2060. Como resultado, ele aponta a mineração de criptomoedas, especialmente a do Bitcoin, como um empecilho significativo para esses objetivos climáticos. A razão se dá pelo consumo de energia substancial que essa atividade exige.

Medidas implementadas contra a mineração de criptomoedas


O plano revisado divulgado pelas autoridades chinesas introduz medidas explícitas para reduzir os processos que consomem muita energia envolvidos na mineração de moedas virtuais.

Isto representa um esforço proativo para diminuir o uso de energia e as emissões em resposta às preocupações ambientais associadas às atividades de mineração de criptomoedas.

O plano detalha uma abordagem estratégica para monitorar, analisar e eliminar operações de mineração de moeda virtual consideradas prejudiciais aos objetivos de conservação de energia da China, conforme relatado pelo Crypto Times.

Esta estratégia direcionada marca uma mudança em relação à oposição anterior e mais geral da China às criptomoedas. Seguindo a proibição de 2021, que resultou na migração de inúmeras operações de mineração para o exterior, esta política atualizada está alinhada com a ambição mais ampla da China de alcançar a neutralidade de carbono em escala nacional.

EUA adotam uma abordagem diferente para a mineração de criptomoedas


China aumenta restrições sobre mineração de criptomoedas

Enquanto a China intensifica a repressão ao setor, os Estados Unidos iniciam sua iniciativa para atenuar o impacto ambiental da mineração de criptomoedas.

A Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) está à frente de um esforço pioneiro. Eles pretendem coletar dados detalhados sobre o consumo de energia das operações comerciais de mineração de criptomoedas. Esse movimento visa fornecer aos reguladores informações essenciais sobre as repercussões ambientais da crescente indústria de moeda digital.

Enquanto a China reforça suas restrições à mineração de criptomoedas com medidas rigorosas, os Estados Unidos buscam ativamente melhorar a transparência em torno do uso de energia no setor. Essa iniciativa reflete o compromisso do governo dos EUA com o desenvolvimento responsável e sustentável no setor de ativos digitais.

Ao coletar dados abrangentes sobre o uso de energia nas operações de mineração, os reguladores americanos pretendem tomar decisões fundamentadas para reduzir a pegada ambiental da mineração de criptomoedas.

À medida que o cenário das criptomoedas continua evoluindo, o desenvolvimento de frameworks regulatórios e iniciativas que abordem preocupações ambientais será crucial para determinar o futuro global da indústria.

A colaboração entre governos, participantes da indústria e especialistas ambientais será essencial na criação de práticas sustentáveis para o avanço da mineração de criptomoedas.

Restrição sobre mineração de criptomoedas pode ter relação com a liberdade dos cidadãos


A decisão da China de intensificar a repressão à mineração de criptomoedas, especialmente o Bitcoin, desencadeou um debate que abrange aspectos de controle estatal.

Sobretudo, analistas apontam que, embora o governo chinês justifique sua ação com a necessidade de conservar energia e atingir metas ambientais, o objetivo subjacente parece ser o de manter um controle rigoroso sobre o sistema financeiro e, consequentemente, sobre a população.

Especialistas sustentam que a proibição não apenas visa reduzir o consumo de energia, mas também restringir a liberdade financeira dos cidadãos na China. Em suma, o país é conhecido por sua regulamentação rígida do setor financeiro. Lá, o governo exercendo um controle minucioso sobre o fluxo de capitais e as operações financeiras.

Criptomoedas, em sua essência, são descentralizadas

As criptomoedas representam um desafio a esse controle, graças à sua natureza descentralizada e à possibilidade de realizar transações de forma anônima.

Proibir a mineração dessas moedas digitais seria uma estratégia do governo chinês para evitar o surgimento de um sistema financeiro alternativo que fugiria de sua esfera de regulamentação e vigilância.

Paralelamente, a China avança no desenvolvimento de sua própria moeda digital emitida pelo banco central, o yuan digital. A eliminação das criptomoedas descentralizadas como concorrentes poderia, assim, pavimentar o caminho para a adoção dessa nova moeda digital estatal.

Como resultado, esta moeda poderia fornecer ao governo uma capacidade sem precedentes de monitoramento e controle sobre as transações financeiras.

China também introduz novas regulamentações quanto à política AML


A China está à beira de fazer uma emenda significativa em suas regulamentações de Combate à Lavagem de Dinheiro (AML) para incluir transações relacionadas a criptomoedas. Este passo irá atender às demandas de legisladores nacionais por uma fiscalização mais rigorosa da indústria de criptos.

Em uma reunião executiva do Conselho de Estado liderada pelo Primeiro Ministro Li Qiang em 22 de janeiro, a discussão foi focada na lei AML revisada. Esse ajuste marca a primeira atualização significativa nas diretrizes AML do país desde 2007. A primeira revisão das regulamentações AML, proposta em 2021, entrou na agenda legislativa do Conselho de Estado para 2023, com a expectativa de ser promulgada até 2025.

As revisões futuras refletem a abordagem proativa da China em enfrentar os desafios legais trazidos pelo crescimento do setor de criptomoedas. Acadêmicos e especialistas financeiros também contribuíram para o debate sobre a reformulação da lei AML. Eles observaram as amplas implicações da lei, destacando a complexidade de elaborar regulamentações abrangentes.

Vale lembrar que, em 2021, a China implementou uma proibição total ao uso de criptomoedas, vetando que exchanges estrangeiras oferecessem serviços no país e banindo todas as formas de mineração.

No entanto, avanços tecnológicos e a natureza descentralizada das criptomoedas permitiram que usuários no interior do país encontrassem maneiras de acessar o mercado de criptoativos, o que levou a riscos de lavagem de dinheiro. Por fim, as novas regulamentações modificadas têm o objetivo de impor diretrizes mais rigorosas para coibir tais atividades.

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