Presidente do Paraguai veta projeto de mineração de Bitcoin e cripto

Tim Alper
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Mario Abdo Benítez. Source: A screenshot, Instagram/maritopresidente

 

O presidente paraguaio Mario Abdo Benítez vetou o projeto de lei muito elogiado que teria legalizado e regulamentado o Bitcoin (BTC) e a mineração de criptomoedas no país latino-americano.

Conforme relatado, o ambicioso projeto de lei começou como um projeto de lei de um membro privado na câmara baixa e foi formulado em conjunto com mineiros domésticos que querem usar energia elétrica excedente produzida em usinas hidrelétricas. Acabou sendo assumida pelo Senado, onde foi defendida pelo senador Fernando Silva Facetti.

O Senado então aprovou o projeto de lei, assim como a câmara baixa. Mas parece ter caído no último obstáculo, com Benítez insatisfeito sobre como o consumo de eletricidade da mineração de criptomoedas pode afetar a sustentabilidade a longo prazo.

Benítez, por Portalo de Bitcoin, decretou que a mineração de criptomoedas “requer um alto nível de consumo de eletricidade que pode comprometer o desenvolvimento e a expansão de uma indústria nacional inclusiva e sustentável”. O decreto, que o Presidente referiu ter sido feito após parecer do Banco Central do país, também fez notar que a mineração faz “uso intensivo de capital e baixo uso de mão de obra” e “como tal, não gera valor acrescentado ” para a economia.

No início deste mês, Cryptonews.com informou que o projeto de lei atraiu críticas de muitos políticos, alguns dos quais alegaram que o projeto de lei havia sido apressado.

Outros ainda repetiram afirmações muito familiares sobre a suposta pegada de carbono alta da mineração. Os mineradores internacionais declararam que concordarão em se estabelecer no Paraguai, desde que lhes sejam oferecidas tarifas especiais e baixas de eletricidade.

Os mesmos críticos também alegaram que o Paraguai tem muito pouco a ganhar ao permitir o acesso de mineradores internacionais ao poder paraguaio – e que poucos empregos domésticos seriam criados como resultado.

Essa linha de argumentação parece ter influenciado Benítez.

Mas um furioso Silva Facetti foi ao Twitter para criticar a decisão do presidente – que ele chamou de “veto total”. O senador alegou que o veto fazia pouco sentido considerando o grande número de mineradores que já operam no país.

O senador escreveu que o Executivo do governo foi culpado por “ignorar a existência de” mineradores, que agora terão que “trabalhar à sombra da regulamentação”.

O senador escreveu que o presidente “lavou as mãos” da mineração e a forçou a “operar em uma área cinzenta, sem poder ter acesso ao sistema financeiro ou construir garantias de proteção ao investidor”.

Acrescentou que Benítez havia demonstrado “falta de visão” em sua decisão se opõe e “destruiu a possibilidade de chegada de novos investidores” – além de prejudicar as esperanças de “centenas de pequenas e médias” empresas nacionais que “ vivem e dependem desta indústria.”

Pior ainda, advertiu Silva Facetti, a medida significará que, em vez de usar sua energia excedente para alimentar o crescimento econômico, o Paraguai terá que entregar seu excesso de energia aos vizinhos Argentina e Brasil.

Nos acordos bilaterais que o Paraguai assinou com a Argentina e o Brasil, o Paraguai deve doar toda a energia que gera em usinas hidrelétricas nos rios que fazem fronteira com as nações se não puder usar ou vender essa energia elétrica.

Os defensores do projeto de lei apontaram o fato de que a infraestrutura do Paraguai está configurada para consumir combustíveis fósseis, em vez de energia hidrelétrica – o que significa que 10% da energia hidrelétrica do país é “inutilizável” no país. Como tal, deixar de fazer uso da energia – permitindo que os mineradores a comprem – simplesmente fortalecerá a economia da Argentina e do Brasil às custas do Paraguai.

Vários jogadores chineses e do leste asiático estavam aguardando a confirmação da conta antes de tomar decisões finais sobre a mudança para o país. Outros, no entanto, já se estabeleceram no país – e provavelmente agora terão que operar em uma área “cinza”, não regulamentada.
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