Bolsa de Valores atinge nova máxima histórica em 131.000 pontos

Pedro Augusto
| 6 min read
Bolsa de Valores em alta
B3

Nesta quinta-feira (14), o Ibovespa (IBOV), da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), teve uma alta significativa após as decisões do Copom e do Fed, atingindo até 131.000 pontos, seu pico no pregão.

O índice subiu 1,06%, alcançando 130.842,09 pontos, ultrapassando a anterior máxima histórica de fechamento de 130.776,27 pontos.

As decisões dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos impulsionaram o Ibovespa, permitindo que alcançasse a importante faixa dos 130 mil pontos.

Na “Super Quarta”, o Fed manteve os juros americanos estáveis entre 5,25-5,50%. Apesar de reconhecer um cenário ainda incerto, o Fed sinalizou o fim do aperto histórico, com previsão de início dos cortes para 2024.

Jerome Powell, chairman do Fed, surpreendeu ao indicar que os juros já atingiram seu ápice, conforme analisado por Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

Corte na taxa Selic pode ter sido um dos fatores que provocou a alta na Bolsa de Valores


No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual, fixando-a em 11,75% ao ano.

Essa decisão alinhou-se às expectativas do mercado. O Banco Central, em comunicado, prevê cortes de igual magnitude nas próximas reuniões, considerando esse ritmo adequado para manter a política monetária contracionista necessária ao processo de desinflação.

O comunicado da autarquia destacou o risco fiscal, ressaltando a relevância de cumprir as metas fiscais estabelecidas para ancorar as expectativas de inflação e influenciar a política monetária. O Comitê enfatizou a necessidade de perseguir firmemente essas metas.

Fernandes, analisando o mercado, observou que a recente alta se deve em grande parte ao clima otimista no exterior, o que poderia facilitar para o Banco Central do Brasil acelerar a redução da taxa Selic em 2024, dentro dos limites possíveis.

Movimentações mais relevantes da Bolsa de Valores

Nas últimas sessões, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) registraram queda pelo quarto dia consecutivo.

No mercado de ações, as blue chips impulsionaram o Ibovespa. A Petrobras (PETR4), acompanhando a recuperação dos preços do petróleo, teve um aumento de 2,17% em suas ações.

A Prio (PRIO3), também do setor de óleo e gás, apresentou uma das maiores valorizações. A Vale (VALE3) igualmente registrou alta, apesar da queda nos preços do minério de ferro.

Por outro lado, o setor varejista enfrentou quedas significativas. A Natura (NTCO3) e a Magazine Luiza (MGLU3) tiveram desvalorizações de 5,22% e 3,95%, respectivamente.

Mercado americano também prevê ciclo de cortes para a taxa básica de juros dos EUA


O Banco Central Americano decidiu unanimemente manter a taxa de juros de referência entre 5,25% e 5,50% ao ano. O gráfico de pontos, mais aguardado que o comunicado, revelou que 15 dirigentes do Fed projetam juros entre 4,25% e 5% para 2024, e a maioria espera juros entre 3% e 4% até o final de 2025.

O mercado interpreta, a partir das indicações do Fed, que os juros nos Estados Unidos já atingiram o pico do ciclo de elevação e tendem a diminuir, alinhando-se com o apetite por risco. Ou seja, espera-se cortes na taxa de referência dos EUA em breve, conforme antecipado pelo mercado.

Segundo dados da CME (Chicago Mercantile Exchange), agora há 76,1% de chance de o Federal Reserve iniciar cortes de juros em março de 2024.

Essa expectativa se fortaleceu após a declaração de Jerome Powell, presidente do Fed, às 16h30, que predominou uma visão “dovish” no mercado.

Previsão de cortes futuros gerou alta da Bolsa de Valores americana

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destacou que o Federal Reserve marcou um ponto de virada ontem, sinalizando o fim do ciclo de aumento de juros e o início de cortes.

Segundo ele, o mercado já está apostando em reduções para março. Gala enfatizou a importância do relatório dos “dot plots”, que revelou uma previsão de diminuição da taxa de juros de 5,1% para 4,6% para o próximo ano, com 11 diretores projetando mais três cortes.

Gala acrescentou que o mercado rapidamente interpretou esses sinais como o começo do ciclo de cortes, o que levou à queda do título do tesouro americano de dez anos.

Essa movimentação resultou em altas significativas nas bolsas de valores. No dia, o título do tesouro americano de 10 anos encerrou o pregão a 3,913%, registrando uma queda de 12 pontos-base.

Na Bolsa de Valores de lá, os dois últimos pregões também apresentaram altas. O Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 0,43%, 0,26% e 0,19% nesta quinta-feira.

Bolsa de Valores continua com perspectivas positivas para 2024


Analistas de mercado mantêm uma visão positiva sobre a Bolsa brasileira, com expectativas otimistas também para 2024.

Segundo a XP, o ciclo de redução de juros no Brasil é um fator-chave para essa perspectiva otimista. Fernando Ferreira e Jennie Li, estrategistas da XP, projetam um valor justo para o Ibovespa de 142 mil pontos para 2024.

Em resumo, eles destacam o valuation das ações brasileiras como descontado, com um preço sobre lucro (P/L) de 8,0, abaixo da média histórica de 11.

Esses estrategistas observam que setores como Saúde, Educação, Imobiliário, Financeiro, Varejo e Transportes são historicamente mais sensíveis aos ciclos de juros.

Outro analista demonstra ainda mais otimismo, prevendo Ibovespa a 155 mil pontos

Similarmente, Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, concorda que o Ibovespa está “barato” em termos de valuation, incluindo preço/lucro e outros indicadores.

A Guide mantém uma visão positiva para o índice nos próximos meses, apontando um alvo de 155 mil pontos para 2024.

Além disso, Haag ressalta que a queda dos juros, tanto no Brasil quanto no exterior, deve beneficiar os investimentos em renda variável, além de impactar diretamente no lucro das empresas no Ibovespa.

Ele observa ainda que a economia continua crescendo, embora lentamente, favorecendo a renda variável. Haag também nota que a alocação atual em ações é baixa nos fundos brasileiros, o que pode impulsionar o Ibovespa a curto prazo.

Dólar tem previsão de baixa para médio e longo prazos

José Faria Jr., diretor da Wagner Investimentos, acredita que o rali da Bolsa pode continuar por mais tempo, mas destaca fatores de atenção a longo prazo, especialmente nos EUA.

Ele alerta para a possibilidade de uma recessão com a piora do mercado de trabalho e o fim do dinheiro da pandemia, ou uma condição financeira mais frouxa que poderia gerar uma nova onda de inflação.

Quanto ao câmbio, Faria Jr. vê uma tendência de baixa para o dólar a médio e longo prazos, impulsionada pelo discurso mais conservador do Copom.

Por fim, ele avalia que essa postura beneficia o real, pois juros caindo de forma menos acelerada ajudam na valorização da moeda brasileira.

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