Empresa brasileira começa a negociar em 2024 token de crédito de carbono sustentável

Pedro Augusto
| 6 min read

A CoinLivre, um marketplace de ativos virtuais focado na tokenização de ativos reais, fechou uma parceria com a Soma Sustentabilidade. Esta colaboração, com uma empresa ativa no desenvolvimento de leis ambientais, serve para lançar o projeto de tokenização de créditos de carbono reconhecido no Brasil e no exterior CLCC.

Assim sendo, esse projeto inovador permitirá que as propriedades rurais sejam remuneradas pelo carbono armazenado em suas reservas, sem depender de ações futuras.

O projeto se baseia na mensuração de carbono em áreas preservadas. A Soma opera essas áreas. Já a certificação depende das quatro maiores empresas de auditoria e serviços financeiros do mundo (Big Four).

Seguindo as normas do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários e leis federais, o token CLCC representa uma oportunidade de adquirir tokens de créditos de carbono.

Token CLCC da CoinLivre oferece acesso a benefícios fiscais e ao Selo Verde


Para criar esse ativo digital, desenvolveu-se uma tecnologia que analisa 27 serviços ecossistêmicos. A iniciativa surgiu da necessidade de o Brasil responder às questões ambientais globais, levando ao desenvolvimento da Lei da CPR Verde em 2021.

Por consequência, em 2022, a CVM reconheceu essa lei. E colocou a CPR Verde no mesmo patamar das demais CPRs do agronegócio. Dessa forma, o token CLCC, lastreado em ativos de conservação CPR-Verde, oferece acesso a benefícios fiscais e ao Selo Verde.

Esse token é uma evolução no mercado de crédito de carbono. Trata-se do primeiro lastreado em um produto do agronegócio. Além disso, ele segue todas as normas financeiras e legislações brasileiras.

A CoinLivre, responsável pela operacionalização e comercialização do token, garante que cada um represente 1 real em créditos de carbono gerados pela Soma Sustentabilidade.

Além disso, o CLCC é um “token de utilidade”. Segue o padrão ERC-1155, que permite negociações P2P via wallet da CoinLivre.

A quantidade de tokens é limitada à quantidade de créditos de carbono gerados pelas áreas certificadas pela Soma. O que significa uma oportunidade única para investidores conscientes da importância da sustentabilidade ambiental.

Token CLCC entra em negociação a partir de 2024


Em entrevista à CryptoNews Brasil, Giorgio Toniolo, fundador da CoinLivre, explica que a empresa tem um papel fundamental na parceria para o token CLCC. Assim, segundo ele, contribui para modelar o negócio de forma a superar os desafios do mercado atual.

Conforme Toniolo, isso resultou na criação e distribuição do primeiro token de crédito de carbono sustentável e anti-greenwashing. Ele destaca que o token CLCC remunera o carbono já estocado em reservas rurais, com seu valor baseado no crédito de carbono do ano corrente. Desse modo, o processo garante um preço justo e evita práticas como o greenwashing.

Toniolo também enfatiza a precisão e a confiabilidade do processo de mensuração de carbono da Soma Sustentabilidade, auditado pelas Big Four e pelo governo.

A tecnologia desenvolvida para o token CLCC, explica Toniolo, baseia-se na transparência da blockchain e na customização tecnológica. O objetivo é garantir a integridade do processo.

Ele explica ainda que o token CLCC utiliza o padrão ERC-1155 por sua flexibilidade e transparência. E que a negociação P2P na CoinLivre estará disponível a partir de 2024, seguindo as regras de mercado.

Entrevista exclusiva com Giorgio Toniolo, fundador da CoinLivre


CryptoNews Brasil – Qual é o papel da CoinLivre nessa parceria para o token CLCC?

A CoinLivre entra com uma solução 360º com seus clientes. Com a Soma não foi diferente. Nós os ajudamos a modelar o negócio deles, de forma a evitar os problemas atuais que o mercado enfrenta. O output disso foi a criação e distribuição do primeiro Token de crédito de carbono sustentável e anti-greenwashing da atualidade.

De que forma o token CLCC remunera o carbono estocado nas reservas das propriedades rurais?

Uma das características mais importantes deste token é que, ainda que lastreado em uma CPR-Verde, ele é representativo apenas de uma fração do crédito de carbono já performado, ou seja, só o estoque produzido no ano vigente pode ser comercializado e usado para quaisquer benefícios fiscais.

Dessa forma, o valor-base do Token é de 1 real e o total do valor de cada lote é calculado pelo total de toneladas de crédito de carbono, multiplicado pelo seu valor de mercado (observado pela B3) no momento de sua emissão.

Poderia explicar o processo de mensuração de carbono equivalente operado pela Soma Sustentabilidade e certificado pelas Big Four?

A Soma faz a mensuração, quantificação e procedência dos ativos (padrão de mercado, com inventário florístico) in loco, e a auditoria da documentação do terreno (com CAR obrigatório). O sistema digital ali usado pela mesma já é automaticamente auditado pelo governo e é de autoria da Soma — facilitando e agilizando assim o processo como um todo.

Os dados certificados advindos dessa operação são então enviados às auditorias, para que posteriormente a quantidade final de toneladas de crédito de carbono mensuradas possa ser precificada a mercado (padrão B3).

Como a tecnologia desenvolvida para o token CLCC mensura serviços ecossistêmicos dentro da CPR Verde?

A tecnologia disruptiva, na verdade, se baseia na transparência da blockchain e na capacidade de customização dos parâmetros tecnológicos que regem o ativo virtual (token). Assim, independentemente de qual seja o serviço ou produto representado, podemos garantir a transparência do processo e, especialmente, a “queima” (desativação) de todos os ativos já usados pelos players interessados, evitando assim o famigerado greenwashing.

Pode explicar como a especificação padrão ERC-1155 do Token CLCC funciona e qual é sua importância?

De maneira simples, o ERC 1155 é um padrão que possibilita a criação de ativos virtuais que combinam as características de tokens fungíveis e não fungíveis de maneira mais ampla e livre de restrições.

No Token CLCC, especificamente, escolhemos este padrão por 3 motivos:

  • Possibilidade de criação de vários lotes, venda P2P unitária e a não diferenciação gráfica de um Token para o outro (como ocorre nas NFTs), mantendo sua transparência e registro único;
  • Obrigatoriedade de queima após uso comprovado pela Soma, evitando duplicidade e greenwashing; classificação como Token “utility”, que dá acesso a benefícios;
  • Capacidade de, ao mesmo tempo, serem Tokens individuais insubstituíveis; e poderem ser usados como um conjunto para obtenção de certificação única para cada empresa — o Selo Verde.

Qual é o processo para negociar o token CLCC no mercado secundário via P2P?

Após um período de lock-up (variável para cada lote, dependendo de cada whitepaper) de alguns meses, o detentor poderá colocar uma ordem de venda na plataforma da CoinLivre. Ali, ele poderá escolher qual Token vender, de qual lote, ao valor e quantidade que desejar. No momento seguinte, qualquer investidor já aprovado na plataforma poderá escolher esta ordem para compra, com igual liberdade.

Vale lembrar que o P2P estará disponível na CoinLivre ainda no primeiro trimestre de 2024 e que os valores das ofertas serão isentos de aprovação da plataforma, estando livres na sua precificação conforme as regras de oferta e demanda de mercado.

Caso ainda haja tokens disponíveis do lote original, estes estarão em destaque — até para auxiliar na comparação com os seus respectivos valores de mercado.

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