Dicionário cripto: CVM e ABCripto lançam glossário sobre o tema

| 6 min read

Dicionário Cripto

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) lançaram na terça-feira (08/12) um glossário de termos relacionados a ativos digitais, tokenização e temas relacionados.

Batizado como Glossário ABCripto, o documento foi disponibilizado em PDF no site da ABCripto. Em resumo, contém mais de 200 verbetes, em ordem alfabética, detalhando o significado (ou os diferentes significados) de cada palavra.

Bloco, gas, lambo… confira exemplos do glossário


O Glossário ABCripto traz muitos termos básicos para quem tem algum conhecimento de criptoativos, como “Bitcoin” e “corretora”. Também lista diversas expressões pouco conhecidas do público e que até mesmo investidores da área podem ter alguma dificuldade para definir.

Além das definições básicas, o documento traz exemplos de alguns termos, bem como informações extras que facilitam o entendimento de cada expressão.

Confira abaixo exemplos do dicionário:

alfaçar

Bloco

Um lote de transações dentro de um blockchain, juntamente informações que permitem verificar a integridade dos dados nele contido e encaixá-lo corretamente na sequência. Vagamente análogo à “uma edição” de uma “revista” ou “diário oficial”.

Criptografia fim-a-fim

Uso de criptografia em que os usuários finais realizam as operações criptográficas, impossibilitando trapaças por parte dos operadores, intermediários ou centralizadores por onde as mensagens ou transações passam.

DeFi

Contração de “decentralized finance”, em inglês, tipicamente estilizado “DeFi”; ou “finanças descentralizadas”, em português. Conjunto de serviços e produtos financeiros, como empréstimos, transferências, sistemas de pagamentos, seguros ou negociações de ativos que rodam em redes baseadas em blockchains. As soluções DeFi em tese não possuem instituições financeiras como intermediárias e podem ser realizadas diretamente entre as partes por meio de contratos inteligentes.

Ecossistema Bitcoin

A rede Bitcoin juntamente com os diversos serviços que a usam como base, tais como as corretoras, exploradores, carteiras, etc.

Fan token

Tipo de token de utilidade concebido para serem adquiridos ou colecionados por fãs de celebridades, torcedores de times esportivos, etc.

Gas

Unidade que mede o custo computacional necessário para executar transações ou contratos inteligentes, análogo à taxa de mineiro de outras criptomoedas. O preço do gas é pago aos validadores para incentivar o processamento das transações e a conservação de recursos, desincentivando spam.

halving
Inverno

Bear market (momento de desânimo, pessimismo e preços baixos no mercado) particularmente longo, persistindo por vários meses ou até anos.

KYC

Sigla em Inglês de “know your costumer”, ou, em português, “conheça seu cliente”. Medidas que os governos obrigam as corretoras e agentes do mercado financeiro tradicional a adotarem para identificar as pessoas físicas responsáveis pelas transações financeiras, para poderem ser responsabilizadas em caso de ilícitos.

Lambo

Contração de “Lamborghini”, marca italiana de carros esportivos de luxo. Expectativa ou desejo de um aumento tão grande no valor de uma criptomoeda que permitiria ao detentor ficar tão rico a ponto de poder comprar um Lamborghini. Usado tanto de maneira séria pelos entusiastas, quanto de maneira irônica por críticos.

Mão de alface (gíria)

Indivíduo propenso a vender seus ativos em pânico, sob preços ou condições desfavoráveis, perdendo dinheiro ou oportunidades. Veja também: alfaçar.

Nocoiner

Indivíduo que não possui, ou professa não possuir, criptomoedas.

Oráculo

Sistema ou serviço que traz dados de fora de um blockchain (por exemplo, de um site ou API tradicional) para dentro dele, de forma que possa ser utilizado pelos contratos inteligentes sem ferir as necessidades de determinismo e reprodutibilidade, embora possivelmente em detrimento da descentralização.

prova de participação
Rede Bitcoin

O conjunto de todos os nós (computadores) participantes do processo de construção coletiva do blockchain do Bitcoin. Essa definição estrita exclui as corretoras, exploradores, etc. Contraste com: ecossistema bitcoin.

Shill

Pessoa que promove um produto ou serviço de uma pessoa, empresa ou organização, sem revelar ou admitir explicitamente que tem um relacionamento próximo com aquela entidade.

Token infungível (ou token não-fungível)

Abreviado NFT, “non-fungible token”. Classe ampla de tokens em que cada unidade individual é considerada única, insubstituível, e, portanto, passível de valoração e preços próprios. Popularmente utilizado na tokenização de ativos digitais únicos, como arte digital, colecionáveis, propriedade virtual, itens de jogos, etc.

USDT

Abreviatura da stablecoin “Tether”, com o prefixo “USD” indicando que ela espelha o valor do dólar americano, e o “T” representando o “Tether” (“coleira”, em português).

Valor mobiliário

Instrumento financeiro representativo de um valor monetário, ou de um direito, negociável em mercados financeiros. Inclui ações, debêntures, notas promissórias, opções, futuros, ou quaisquer outros títulos, ou contratos de investimento ofertados publicamente que gerem direito de participação, parceria ou remuneração, cujos rendimentos advêm do esforço de um empreendedor ou de terceiros.

Web3

Uma visão para o futuro da internet, ainda em construção, para o qual se prevê a convergência de tecnologias como redes baseadas em blockchains, inteligência artificial, com os usuários tendo controle completo sobre seus próprios dados através de sistemas mais descentralizados.

XBT

Abreviatura de Bitcoin, a unidade de conta, aderente ao padrão ISO 4217, que exige que códigos de moedas não-nacionais começam com “X” (“eXperimental”). Contraste com: BTC.

Acesse o glossário completo: Glossário ABCripto

Segundo Nathalie Vidual, Superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM, o dicionário poderá incluir novos termos ao longo do tempo. Além disso, será revisado constantemente para acompanhar o entendimento do mercado.

“A ideia é que o documento seja ampliado e revisado periodicamente para incorporar as sugestões recebidas, além de acompanhar as novidades que surjam na área. O glossário tem a intenção de ser um documento vivo, refletindo o próprio dinamismo da criptoeconomia.”

Objetivo com dicionário cripto é padronizar a terminologia


Em resumo, o glossário surge com uma missão complicada: padronizar os termos usados no setor por diferentes agentes e pelo público em geral. Para isso, a ABCripto criou um grupo de trabalho que ficou responsável por desenvolver o material. Em seguida, ele passou às mãos da CVM, que revisou e validou o conteúdo.

Paulo Portinho, Gerente de Educação e Inclusão Financeira (GEIF) da CVM, descreveu a importância do projeto:

“O glossário ajuda a compreender termos técnicos relativos às novas tecnologias financeiras, em especial às finanças descentralizadas (DeFi) e outras aplicações relativas à criptoeconomia, ao blockchain e aos investimentos em ativos digitais. Este material vai ao encontro do trabalho que a CVM vem construindo de, cada vez mais, tornar a linguagem com o mercado mais clara e simples, facilitando o conhecimento e a aproximação com o investidor pessoa física, bem como o acesso ao mercado de capitais.”

O principal desafio foi encontrar o consenso em relação às definições do glossário. Afinal, muitos termos são extremamente novos e podem ter diferentes significados. Além disso, era preciso garantir a conformidade com a legislação atual sobre o tema.

Glossário surgiu de convênio entre CVM e ABCripto


A iniciativa surgiu a partir de um convênio firmado entre a CVM e a ABCripto este ano. O objetivo da parceria entre as duas instituições é a cooperação técnica em relação ao tema dos ativos digitais, blockchain e toda a tecnologia envolvida.

A criação do dicionário também serve a um propósito de educação financeira. As entidades esperam desenvolver outras campanhas e materiais educacionais com o objetivo de informar a população. Afinal, o universo cripto faz cada vez mais parte da vida das pessoas, com o crescimento das finanças descentralizadas e a popularização dos ativos digitais.

Leia mais: