B3 deve listar ETF de criptomoedas no segundo trimestre

Gabriel Gomes
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A iVi Technologies é uma gestora brasileira de ativos com sede localizada em Belo Horizonte. Ela pretende, no segundo semestre deste ano, lançar na B3 um fundo ETF de criptoativos com estratégia quantitativa, o iVi MIAX Quant.

O fundo em questão deverá usar algoritmos para automatizar a gestão do portfólio, atualizando-a mensalmente. Um produto do tipo que a iVi Technologies lançou nos Estados Unidos dois anos atrás usa essa tecnologia e costuma alterar a cada mês cerca de um terço de sua carteira.

ETF deverá ser composto pelas 10 criptomoedas de maior capitalização de mercado

Lendel Lucas, CEO da empresa, explicou ao site Infomoney que o produto cujo lançamento está sendo discutido com a Comissão de Valores Mobiliários, que supervisiona a Bolsa de Valores brasileira, será baseado em um algoritmo de baixa frequência. 

Diferente dos algoritmos de alta frequência, que fazem transações o tempo todo para explorar pequenas flutuações momentâneas nos preços dos ativos, ele reorganizará, como dito acima, a carteira do fundo mensalmente. Para isso considerará as 10 criptomoedas de maior capitalização de mercado.

Embora a ideia de introduzir na B3 um fundo nos moldes do que pretende lançar este ano já estivesse no radar da iVi Technologies há cerca de cinco anos, a ideia, então, não foi para frente devido à existência de muito poucas altcoins (criptomoedas que não sejam o Bitcoin) de alto valor no mercado.

Agora, porém, segundo a empresa, o setor de criptomoedas já amadureceu o bastante para haver dados suficientes para alimentar o algoritmo com as informações necessárias para que ele explore adequadamente as variações de cotações dos ativos e possa organizar o portfólio de forma adequada.

ETF da iVi Technologies pode ser o primeiro de seu tipo

Como se sabe, fundos ETF (a sigla significa Exchange Traded Fund, ou seja, Fundo Negociado em Bolsa, em português, também chamado de fundo de índice) costumam tentar emular um índice. No caso do ETF que a iVi Technologies pretende introduzir na B3, o índice será um que a empresa pretende lançar até março deste ano em uma parceria com a MIAX, uma bolsa de negociação de valores mobiliários sediada em Miami, na Flórida.

Em caso de queda do mercado, por exemplo, a inteligência artificial poderá vender ativos e adquirir stablecoins (criptomoedas cujo valor é atrelado a outro ativo, como uma commodity ou outra moeda) ligadas ao dólar para controlar as perdas.

Se o projeto da iVi Technologies for levado a cabo, a B3 terá no iVi MIAX Quant o primeiro Exchange Traded Fund quant baseado em criptoativos do planeta. Outro aspecto do projeto é sua importância para a MIAX, que já é a maior bolsa privada estadunidense e deseja ficar mais em evidência no mercado latino-americano, no qual deseja, segundo Lucas, ser uma porta de entrada para os Estados Unidos.

Entre as vantagens da MIAX, estão o papel crescente da Flórida como um centro de atividades ligadas a criptomoedas, no qual muitas empresas que mineram criptoativos buscaram sede e o crescimento que tem tido a bolsa em questão, que, de acordo com o executivo brasileiro, pretende lançar um IPO (Initial Public Offering ou, em português, Oferta Pública Inicial) para a abertura de seu capital.

Com a recuperação do mercado de criptomoedas que espera, a empresa liderada por Lendel Lucas acredita conseguir captar cerca de R$1 bilhão de reais em investimento até o término de 2023. Até o momento, o Bitcoin, a criptomoeda de mais elevada capitalização de mercado, já se valorizou cerca de 33% no ano até agora. 

Gráfico do Bitcoin no ano. Até 27/01.

Sua cotação, depois das perdas que se sucederam ao ápice alcançado em fins de 2021, ainda é pouco superior ao que era no referido período. Ainda assim, há investidores que apontam certa semelhança entre as circunstâncias atuais e as que precederam, em meados de 2019, um rali que fez com que, ao final daquele ano, o Bitcoin valesse mais do que o dobro do valor que tinha ao final de 2018.

Uma das semelhanças é a posição do Fed, o banco central americano, que passara o ano anterior elevando os juros como fez em 2021 para controlar a inflação. Vencida a batalha com ela, a política monetária foi afrouxada na segunda metade de 2019, o que, se acontecer neste ano, poderá levar ao direcionamento de dinheiro para ativos como criptomoedas, inclusive o Bitcoin, colaborando para o aumento da demanda deste e, em consequência, para a elevação de sua cotação.

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